(Junho de 19, 2022) Divya Sijwali me diz que muitas vezes é confundida por ser muito mais jovem do que seus 17 anos – uma qualidade que pode funcionar tanto a favor quanto contra ela, lidando como ela lida com questões que os muito mais velhos tentaram resolver. Ela está determinada, porém, e ansiosa para não deixar as percepções ficarem no caminho. Crescendo na Cidade do Cabo, onde passou os primeiros dez anos de sua vida, a adolescente empreendedora social aprendeu desde cedo a importância de conhecer sua própria mente e defender suas escolhas. Enquanto se prepara para começar sua décima segunda série na Escola Internacional Kodaikanal, Tamil Nadu, Divya é fundadora de duas organizações – Tyron, uma empresa social que oferece emprego a sapateiros que perderam seus meios de subsistência durante a pandemia. O outro, Sehpaati, uma organização sem fins lucrativos trabalha com os setores mais marginalizados da sociedade – sobreviventes de ataques com ácido e as comunidades LGBTQ, ambas prejudicadas por um tabu que persiste até hoje.
“Meu pai foi enviado para a Cidade do Cabo em representação e passei meus primeiros anos lá”, diz ela Índio global. “Foi um momento maravilhoso para mim, muito do que manifesto aqui aprendi na África do Sul.” Embora ela tenha estudado um currículo indiano (seus pais sempre souberam que eles voltariam), o sistema sul-africano era muito diferente do que normalmente é encontrado aqui. Ela recorda palavras sábias de uma educadora que a acompanha desde então: “Se quer ir rápido, vá sozinha. Se você quer ir longe, vá junto.”
Nos sapatos dela
Em 2020, quando a pandemia chegou, Divya ficou impressionada com a dor e a privação que a cercavam. Muitas vezes, ela ouvia os gritos desesperados de sapateiros andando pelas ruas, forçados a mendigar por trabalho, pois seus negócios não tinham permissão para operar. Um sapateiro em particular, Raman Kumar, tagarelava enquanto consertava sapatos para a família. Como Mini, em Rabindranath Tagore Kabuliwala, ela soube que Raman tinha uma filha da idade dela e que sapateiros pobres como ele eram frequentemente explorados por varejistas e até mesmo por seus clientes. “Os clientes concordam em pagar uma certa quantia, digamos, ₹ 25, por um serviço e quando o sapateiro termina, eles pechincham por ₹ 20. Eles raramente entendem que esse homem tem que colocar comida na mesa em casa com o dinheiro que eles dão a ele.”
Em abril de 2022, Tyron venceu o World Youth Entrepreneurship Challenge, onde Divya e sua equipe representaram a Índia internacionalmente. Concebida em 2020, a Tyron é uma marca de calçados que cria produtos elegantes e acessíveis usando pneus reciclados e reciclados. A empresa emprega sapateiros locais, permitindo-lhes receber comissões de seus projetos e também pagando-lhes um salário base fixo. Os produtos são vendidos na plataforma de e-commerce da Tyron e as entregas acontecem por meio da Shiprocket, seu parceiro de entrega.
Design thinking e criação de uma startup
Tendo aprendido com seu pai as angústias da pobreza, ela estava atenta ao sofrimento ao redor. “Eu queria dar a eles alguma forma de estabilidade financeira”, diz ela. Como parte de uma coorte de 36 alunos da Global Citizens Initiative, ela aprendeu design thinking com o professor Eugene Korsunskiy da Dartmouth University. “Aprendi a conceituar uma ideia e executá-la, o que me ajudou a começar”, explica Divya. Ela está ativamente envolvida em programas de verão nas Ivy Leagues, onde pretende estudar também, tendo frequentado um em Harvard em 2021, com outro em Yale alinhado este ano. Ela é inequívoca sobre suas ambições: “Quero ser empreendedora. Estou desenvolvendo todas essas habilidades porque estou focado nisso.”
Ela contou a Raman, seu amigo sapateiro, sua ideia: coletar pneus descartados para fazer sapatos. “Eu queria garantir que eles recebessem um salário fixo, independentemente de quantos pedidos eles concluíssem.” A participação no World Youth Entrepreneurship Challenge deu a ela o dinheiro inicial (o evento vem com um prêmio em dinheiro de US$ 5000), para pagar seus funcionários.
Divya logo envolveu sua família e alguns amigos em seu projeto, tudo parte de seu espírito de trabalhar em equipe. Os pneus são recolhidos no lixão local – A borracha é entregue aos sapateiros, que fazem a sua magia. E desenhar os sapatos? Divya faz isso sozinha, desenhando em um caderno que sempre carrega consigo. “Admito que os primeiros designs eram horríveis”, diz ela, rindo. “Mas eu peguei o jeito. Além dos sapateiros serem os que fazem a mágica acontecer, eles ajustam o design e criam o produto final, que vendemos online.” Seus esforços foram destaque pela Escola Wharton.
Elevando os marginalizados com Sehpaathi
Quando ela chegou à Índia em 2015, a empreendedora social ficou chocada ao ver um transgênero implorando na estrada, recebendo bênçãos em troca. “Se queremos suas bênçãos, por que os forçamos a implorar”, ela exige. Ela havia interagido com transgêneros na África do Sul, mas sua situação não era nem de longe tão lamentável quanto a da Índia, onde a mendicidade é o único trabalho disponível para eles. Ela decidiu trabalhar com comunidades que tendem a ser evitadas pela sociedade – sobreviventes de ataques com ácido e LGBTQ e Sehpaathi, junto com o cofundador Parth Puri. “Entramos em contato com algumas fundações, a Lakshya Foundation, que trabalha com a comunidade LGBT e o Sheroes Hangout, um café administrado por sobreviventes de ataques com ácido.”
Divya e sua equipe também realizam sessões semanais com escolas, ensinando-lhes o inglês falado e aprimorando suas habilidades de comunicação. Este programa também foi estendido ao Sheroes Hangout, onde as mulheres muitas vezes lutam para se comunicar com clientes que não falam hindi. “Também conseguimos algumas pessoas empregadas no Lalit Hospitality Group”, ela sorri. “Geetha, uma sobrevivente de um ataque com ácido, conseguiu um estágio lá, que se transformou em um emprego. Eu nunca vou esquecê-la saindo da entrevista com um grande sorriso no rosto, dizendo: 'Acho que consegui o emprego'. Ela estava tão confiante sobre isso – e ela entendeu também.”
A opinião do estudioso
Ao explorar a história da comunidade transgênero na Índia, ela aprendeu a discriminação que se infiltrou na sociedade através do domínio britânico. Ela está até trabalhando em um artigo com um estudante da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. O tópico: Percepções sociais e homossexualidade na Índia: o impacto do colonialismo na história religiosa e cultural hindu. O artigo explora os fundamentos coloniais das percepções sociais que mantemos como norma hoje.
“Os britânicos vieram com ideias fixas de heteronormatividade, que desestabilizaram as estruturas inclusivas existentes na Índia pré-colonial”, diz ela. “Você tem histórias de transgêneros em tribunais de Mughal e esculturas em Khajuraho que mostram a inclusão da antiga sociedade indiana. Depois dos britânicos, passamos a criminalizar essas comunidades”.
Construir estruturas de apoio
O incentivo vem da família, dos amigos e, agora, da escola também. “Quando você é criança, as pessoas tendem a não te levar a sério, mas eu tenho muito apoio das pessoas ao meu redor”, diz Divya. A Kodaikanal International School, para onde ela irá no próximo mês, também a encorajou a continuar trabalhando depois que ela chegar para seu período como bolsista residencial.
Divya pretende trabalhar na Índia e, esperançosamente, retornar à Cidade do Cabo também – ela sente falta da sensação de união que sentiu lá. “A cidade estava cheia de pessoas de todo o mundo, mas há uma certa unidade que nos une. Além disso, estar exposta a tantas culturas e hábitos diferentes me tornou muito aberta à diversidade, aprendi jovem a respeitar aqueles que são diferentes de mim.”
Encontrar saldo
Ela “adora planejar seu dia”, ela segura um diário com páginas dobradas que claramente viram muito uso. “As pessoas pensam que eu trabalho 24 horas por dia, 7 dias por semana, mas não trabalho. Eu faço muitas pausas, leio livros e assisto Amigos no Netflix com minha mãe. É tudo uma questão de planejamento e equilíbrio.”
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