(Maio de 16, 2025) Em algumas partes do mundo — até mesmo nos Estados Unidos — as pessoas ainda bebem água que pode envenená-las. Isso não é exagero. É a realidade de milhões de pessoas que dependem de poços contaminados com arsênio, um produto químico tóxico que causa câncer e outros problemas graves de saúde. Anjali Chadha era apenas uma adolescente quando descobriu que vários condados em seu estado natal, Kentucky, apresentavam níveis perigosamente altos de arsênio em suas águas subterrâneas. O que a chocou mais? A maioria das pessoas nem sabia que sua água era imprópria para consumo.
"Eu não conseguia acreditar que isso estava acontecendo tão perto de casa", disse ela em uma entrevista. Aquele momento mudou tudo para Anjali. Determinada a encontrar uma solução, ela começou a construir um sensor simples e acessível que pudesse detectar arsênio na água e enviar os resultados para a nuvem em tempo real.
O projeto levou mais de um ano para ser construído, mas funcionou. E em 2019, sua invenção lhe rendeu reconhecimento nacional como finalista no Regeneron Science Talent Search, uma das competições científicas mais prestigiadas para estudantes do ensino médio nos Estados Unidos. Com apenas 17 anos, Anjali ficou entre os 40 melhores cientistas adolescentes do país — não por um experimento de laboratório, mas por criar um dispositivo que poderia salvar vidas.
Um amor pela ciência desde o início
O interesse de Anjali por ciência começou cedo. Crescendo em Louisville, Kentucky, ela era o tipo de criança que preferia livros sobre o sistema solar e o corpo humano a contos de fadas. "Alguns dos primeiros livros de verdade que li eram científicos", ela compartilhou. "Eu gostava de aprender coisas que me ajudassem a entender como o mundo funciona."
Com os pais trabalhando na área de tecnologia e a mãe trabalhando em STEM, Anjali teve muito apoio em casa. "Minha família me incentivou a fazer perguntas e resolver problemas", disse ela. Seus avós também a inspiraram. Eles frequentemente falavam sobre a importância da educação, especialmente para as meninas.
Mas foi só no ensino fundamental que Anjali percebeu o quão desiguais as oportunidades na ciência podiam ser. Sua escola tinha um programa especial de matemática e ciências, mas metade dos alunos vinha do bairro vizinho. "A diferença entre os dois grupos era enorme", disse ela. "Muitas meninas, especialmente de minorias, se sentiam intimidadas por STEM. Elas achavam que não era para elas."
Isso ficou com Anjali — e mais tarde se tornou parte de sua missão.
Criando o sensor de arsênio
Após tomar conhecimento da crise do arsênio no Kentucky, Anjali começou a pesquisar. Ela descobriu que o problema era ainda maior do que imaginava. Nos EUA, cerca de 50 milhões de pessoas usam poços particulares, que não são testados regularmente para detectar arsênio. Globalmente, países como Índia e Bangladesh enfrentam grandes riscos à saúde devido à contaminação das águas subterrâneas por arsênio.
Ela se perguntou: por que não havia uma maneira fácil para as pessoas testarem sua água?
Então, ela decidiu construir um. Seu objetivo era criar um dispositivo de baixo custo e fácil de usar que não precisasse de equipamentos de laboratório. O resultado foi um pequeno sensor que, por meio de uma reação química, transformava arsênio em gás. Esse gás mudaria a cor de uma tira de teste, e um computador embutido mediria a cor e calcularia o nível de arsênio. Os resultados poderiam ser enviados instantaneamente para a nuvem.
A melhor parte? Custou cerca de US$ 350 para ser feito — e um sensor poderia ser usado por uma vila inteira.
Sua invenção chamou a atenção do Regeneron Science Talent Search e, em 2019, Anjali se tornou uma das 40 alunas selecionadas de todo o país. Ela ganhou um prêmio de US$ 25,000 e teve a chance de apresentar seu projeto em Washington, D.C. "Sendo do Kentucky, um estado que lida com mineração de carvão e questões ambientais, eu queria encontrar uma solução que realmente ajudasse as pessoas", disse ela à Society for Science.
Reduzindo a lacuna STEM com a Empowered
Enquanto construía seu sensor, Anjali também pensava em outra coisa: como atrair mais meninas como ela para a ciência e a tecnologia. Em 2016, ela fundou uma organização sem fins lucrativos chamada Empowered, Inc. Sua missão? Ensinar habilidades tecnológicas a meninas de minorias do ensino médio — e depois conectá-las a pequenas empresas administradas por mulheres que precisam de suporte digital.
No início, a Empowered era apenas Anjali ajudando empreendedores locais a criar sites e gerenciar mídias sociais. Mas logo ela começou a treinar meninas para assumirem esses projetos elas mesmas. Todo verão, a Empowered oferece um programa de sete semanas em que as alunas aprendem web design, marketing e programação. Depois disso, elas são pareadas com empresas reais para colocar suas novas habilidades em prática.
“Confiança e paixão podem te levar longe”, disse Anjali em uma entrevista. “Você não precisa esperar ficar mais velho ou mais experiente para fazer a diferença.”
Por meio da Empowered, ela ajudou dezenas de meninas a obter experiência prática e mostrou a elas que STEM não é apenas para algumas poucas.
Orgulhosamente indiano, orgulhosamente global
A jornada de Anjali está profundamente conectada à sua identidade como indo-americana. Ela cresceu equilibrando duas culturas e usando essa mistura para guiar seus objetivos. Estudou Bharatanatyam, uma forma de dança clássica indiana, por mais de 10 anos. A origem de sua família na Índia — onde o acesso à água potável nem sempre era garantido — também desempenhou um papel importante na formação de sua perspectiva.
“Minha família na Índia agora tem água limpa, mas meus avós nem sempre tiveram”, disse ela. “Isso me fez perceber a sorte que tenho — e quanto trabalho ainda há pela frente.”
Seu sensor de arsênio não era exclusivo dos EUA. Foi projetado pensando em comunidades globais — lugares onde testar água ainda é um luxo. Sua invenção mostra como uma pessoa pode ajudar pessoas em casa e no mundo todo.
Anjali também se tornou um exemplo a ser seguido. Ela foi nomeada "Voz do Ano" pela revista Seventeen e se tornou embaixadora da iniciativa AAAS IF/THEN, que destaca mulheres em STEM. Uma estátua dela impressa em 3D em tamanho real foi até exibida em um museu para inspirar outras meninas a seguirem a carreira científica.
A jornada adiante
Anjali, que agora trabalha no Reino Unido, estudou engenharia biológica no MIT. Mas ela não diminuiu o ritmo. Ela continua trabalhando na resolução de problemas do mundo real, orientando jovens e lembrando aos outros que qualquer pessoa — independentemente da idade ou origem — pode fazer a diferença.
“STEM é tão vasto que certamente há um lugar para você nele”, diz ela.
Para adolescentes que vivem no exterior, a história de Anjali é um exemplo poderoso. Ela é a prova de que você pode usar suas habilidades, sua cultura e sua voz — e transformá-las em mudanças reais. Você não precisa esperar ficar mais velho. Você só precisa se importar o suficiente para começar.
Porque às vezes, o maior impacto começa com uma pergunta simples: Como posso ajudar?
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