(Dezembro 4, 2024) Nascido no Rio de Janeiro, filho de pais descendentes de italianos e indígenas brasileiros, Jonas Masetti cresceu com uma rica herança multicultural. As raízes modestas de sua família em São Paulo e na região de Minas Gerais incutiram nele uma profunda conexão com as tradições brasileiras. No entanto, sua vida tomou um rumo extraordinário quando ele encontrou a filosofia indiana durante sua carreira de engenheiro. O que começou como uma busca por um significado mais profundo evoluiu para um compromisso de compartilhar o Vedanta, uma profunda tradição de autoconhecimento e espiritualidade, com o mundo.
O trabalho de Jonas ganhou reconhecimento global, inclusive do primeiro-ministro indiano Narendra Modi. Em 2021, Modi mencionou Jonas em seu amplamente seguido Mann Ki Baat programa, elogiando seus esforços em popularizar o Bhagavad Gita e o Vedanta entre os brasileiros e o chamou de embaixador da cultura védica. Jonas conheceu recentemente o primeiro-ministro indiano durante a recente visita deste último ao Rio de Janeiro. Nesta ocasião, Jonas e sua equipe apresentaram uma cativante versão em sânscrito do RamayanaMais tarde, o primeiro-ministro recorreu ao Twitter, mais uma vez chamando a atenção do mundo para Jonas.
Vedanta – uma filosofia atemporal
“Meu entendimento é que a tradição védica tem muitas ferramentas para o bem-estar da humanidade”, acredita o guru ítalo-brasileiro do Vedanta.
Vedanta é uma das escolas de filosofia indiana, enraizada nos ensinamentos dos Vedas, que são antigas escrituras sagradas da Índia. A palavra 'Vedanta' significa literalmente "o fim dos Vedas, significando tanto a culminância do pensamento védico quanto os insights filosóficos derivados da parte posterior dos Vedas, particularmente os Upanishads. Vedanta explora questões profundas sobre a natureza da realidade, o eu e o propósito final da vida.
Ele oferece múltiplos caminhos para a auto-realização, permitindo que os indivíduos se alinhem com seu temperamento e habilidades. Os caminhos são Jnana Yoga (caminho do conhecimento), Bhakti Yoga (caminho da devoção), Karma Yoga (caminho da ação) e Raja Yoga (caminho da meditação).
“Quando escolhi o Vedanta, vi isso como um meio de conhecimento e uma ferramenta para me conhecer. No curso, aprendi sobre a cultura e os templos indianos. Percebi que pertencia a isso. Meus alunos são de todas as religiões”, comentou Jonas em uma entrevista destacando como o Vedanta transcende as fronteiras religiosas. “Você não precisa ser hindu para praticar essas coisas. Quando você vai a um médico ayurvédico, ele não pergunta sobre sua religião antes de tratá-lo. Da mesma forma, o professor de Vedanta não é questionado sobre onde você pertence.”
Da engenharia à espiritualidade: uma vida transformada
Jonas descobriu o yoga e o Vedanta no início de 2003 enquanto procurava respostas para um crescente sentimento de insatisfação com sua vida, apesar de ter uma carreira de sucesso como engenheiro mecânico. “Eu tinha tudo o que uma sociedade ocidental precisa ter. Eu tinha família, amigos e dinheiro. Eu costumava ir a festas, mas não me sentia realizado. Além disso, as pessoas que eu conhecia tinham muitos problemas”, ele disse, “eu sentia que o que a ideologia ocidental estava me propondo não me daria realização.”
A busca por explorar além do mundo material levou Jonas a conhecer Santosh Vallury, um iogue indiano que havia se mudado recentemente para o Brasil naquela época. “Tive o privilégio e a sorte de ter muitas sessões individuais com ele”, Jonas relembrou.
Esse relacionamento despertou o interesse de Jonas pela espiritualidade indiana e o levou aos EUA para conhecer Swami Dayananda Saraswati, um reverenciado professor de Vedanta. Em um ashram em Saylorsburg, Pensilvânia, Jonas experimentou o poder transformador da sabedoria indiana por meio dos ensinamentos védicos e seva (serviço altruísta). “Depois disso, eu estava muito envolvido com a cultura porque havia uma conexão que eu sentia profundamente”, ele explicou.
A jornada de transformação de Jonas atingiu seu pico quando ele se matriculou em um curso residencial de três anos e meio na Arsha Vidya Gurukulam em Coimbatore. “Para mim, o curso de três anos foi fundamental.” Ele sentiu como se fosse uma pessoa completamente nova. “Foi como nascer de novo.” O programa imersivo o transformou em um Acharya (mestre) de Vedanta, e retornou ao Brasil como professor.
Estabelecendo Vishva Vidya: um oásis védico no Brasil
Em 2014, Jonas fundou o Vishva Vidya, um instituto dedicado a preservar e compartilhar os ensinamentos do Vedanta no Brasil. Localizado nas colinas cênicas de Petrópolis, perto do Rio de Janeiro, o instituto oferece aulas, retiros e experiências de aprendizado imersivas. Seu nome, que significa "conhecimento universal" em sânscrito, reflete a crença de Jonas na inclusividade dos ensinamentos védicos.
Ele também adotou um modelo híbrido para atingir um público maior, combinando sessões presenciais tradicionais com plataformas on-line inovadoras. O sistema de aprendizagem interativo, introduzido na Vishva Vidya, replica a experiência de uma sala de aula por meio de tecnologia de ponta. “Temos quatro câmeras e 32 monitores dispostos em formato de U para que centenas de alunos possam interagir entre si e comigo em tempo real”, explicou Jonas.
O instituto se tornou um centro para brasileiros que buscam se aprofundar na filosofia indiana, no sânscrito e na tradição védica, criando um condomínio fechado que prospera no aprendizado e na autodescoberta.
Jonas também dirige uma iniciativa chamada Chhatralya no Brasil, destinada a estudantes carentes interessados em receber ensinamentos espirituais.
Reconhecimento do Primeiro-Ministro Modi: Um holofote global
Os esforços de Jonas para popularizar o Vedanta obtiveram amplo reconhecimento, incluindo uma menção significativa do Primeiro-Ministro Narendra Modi em seu Mann Ki Baat programa em 2021. Durante a transmissão, Modi elogiou Jonas por seu trabalho em trazer o Bhagavad Gita e a filosofia indiana para o Brasil, chamando-o de embaixador da cultura védica.
O Primeiro Ministro o apresentou ao mundo como a pessoa com talvez o maior número de seguidores de Vedanta no Brasil.” Durante esse tempo, Jonas tinha 150,000 seguidores estudando diariamente. “Foi provavelmente assim que ele nos notou, e é um reconhecimento”, refletiu Jonas. “Por sermos estrangeiros, há muita resistência. Aqueles que escolhem seguir esse caminho (da espiritualidade) não têm um senso de pertencimento. Para nós, foi muito especial porque sentimos que fomos aceitos. Foi um motivo de muita alegria para nós.”
Este reconhecimento assumiu uma dimensão mais pessoal durante a recente visita de Modi ao Brasil. Em um evento no Rio de Janeiro, Jonas e sua equipe apresentaram uma impressionante interpretação em sânscrito do Ramayana para o Primeiro Ministro. A performance demonstrou a relevância duradoura das tradições indianas em um contexto global. Depois disso, Modi foi ao Twitter para reafirmar o papel de Jonas como embaixador da cultura védica, destacando-o ainda mais.
Traduzindo textos antigos para leitores modernos
Uma das contribuições mais significativas de Jonas é seu trabalho na tradução de escrituras indianas. Sua tradução do Bhagavad Gita, concluída ao longo de dois anos e meio, foi um esforço meticuloso para preservar a essência do texto original. “Para cada expressão, eu queria o 'significado original' para que a essência não fosse perdida”, Jonas compartilhou. Por exemplo, ele adicionou notas de rodapé explicativas para preencher lacunas culturais, comparando Kamadhenu, a vaca que realiza desejos, à lâmpada de Aladim para leitores ocidentais.
Além do Gita, Jonas Masetti traduziu outros textos fundamentais e planeja trabalhar nos Upanishads, garantindo que o público ocidental tenha acesso a esses ensinamentos atemporais. Ele também é autor e apresentador do podcast Elenco Vedanta.
Inspirando um movimento global
Por meio de seus ensinamentos, traduções e intercâmbios culturais, Jonas Masetti criou um espaço único onde as tradições indiana e brasileira se encontram. Sua instituição, Vishva Vidya, se tornou um modelo de como o conhecimento antigo pode prosperar no mundo ocidental moderno, atraindo estudantes de diversas origens e criando uma comunidade védica global.
A visão de Jonas vai além do ensino. Ele acredita no poder transformador da espiritualidade para trazer à tona o melhor dos indivíduos e das sociedades. Ele agora está trabalhando para reviver o legado espiritual do Brasil, conectando-o com a sabedoria indiana para promover uma compreensão mais profunda dos valores humanos universais.
“Nossas conexões com pais, avós, devatas, com a natureza e tudo o que está disponível nos ajudam a nos tornar a melhor versão de nós mesmos e a liderar o mundo espiritualmente”, comentou Jonas ao discutir as práticas indianas, uma mensagem que ele propaga ativamente.
Diáspora indiana no Brasil
A diáspora indiana no Brasil é uma comunidade pequena, mas dinâmica, que reflete os laços históricos e as conexões crescentes entre as duas nações. Embora a migração de indianos para o Brasil não seja tão grande quanto a vista em países como os Estados Unidos ou o Reino Unido, sua presença tem crescido constantemente, particularmente em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Muitos indianos se estabeleceram no Brasil como profissionais em áreas como tecnologia da informação, engenharia, pesquisa e academia. Além disso, a cultura indiana deixou uma marca distinta na sociedade brasileira por meio da popularidade da ioga, dos filmes de Bollywood e da culinária indiana.
Universalidade da sabedoria indiana antiga
A jornada de Jonas do Rio de Janeiro aos ashrams da Índia e de volta é uma prova da universalidade da sabedoria antiga. Ele tornou o Vedanta acessível a milhares na terra de onde veio, provando que a espiritualidade transcende fronteiras geográficas e culturais.
A história de Jonas Masetti é um exemplo brilhante de como um indivíduo pode se tornar uma ponte entre culturas. Seu trabalho serve como um lembrete de que a busca por conhecimento e autoconsciência é um esforço universal, capaz de unir pessoas em todo o mundo.